Uso da fibra de caju em alimentos é defendido em conferência internacional
O foco é desenvolver tecnologia economicamente viável para transformar resíduos do caju em alimentoAs pesquisadoras Ana Paula Dionísio, da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza, e Caroline Mellinger, da Embrapa Agroindústria de Alimentos no Rio de Janeiro, representaram a Embrapa na Conferência Internacional do The Good Food Institute (GFI) - a 2021 Good Food Conference – realizada de forma virtual de 22 a 24 de setembro. Ambas as pesquisadoras têm projetos em andamento financiados pelo GFI. No projeto liderado por Mellinger, que já tem alcançado resultados previstos, o objetivo é otimizar a produção de concentrado e isolado proteico do feijão carioca, contribuindo para acelerar a escala de produção de alimentos à base de vegetais, a partir desse grão amplamente cultivado e consumido no Brasil. O outro projeto, liderado por Ana Paula Dionísio, tem como foco desenvolver tecnologia economicamente viável para transformar os resíduos do caju em alimentos vegetais que se aproximem das características sensoriais de alguns alimentos de origem animal.
Durante a conferência, que contou com estande virtual da Embrapa, Ana Dionísio apresentou o projeto, cujo título em inglês é “Cashew as a raw material for plant-based meat products”, na sessão denominada "Adressing key white spaces spaces: GFI Research Grant Program". Aprovado para execução em dois anos, o projeto está caminhando para a finalização do primeiro ano. “Neste momento, estamos estudando outros processos de tratamento da fibra do pedúnculo de caju e aumentando a escala do processo. Além disso, estamos comprovando a versatilidade de uso da fibra incorporada a diferentes produtos plant-based, avaliando suas características tecnológicas, químicas e nutricionais”, explica.
Ana Paula destaca que, até o momento, os resultados do projeto têm sido muito promissores, indicando o potencial de uso da fibra no fortalecimento da indústria nacional plant-based, com disponibilização de um ingrediente de baixo custo, a partir de subproduto industrial, além de fortalecer uma cultura de fruta nativa brasileira, de baixa demanda hídrica, o que é extremamente interessante do ponto de vista da sustentabilidade ambiental. “Adicionalmente, a partir dos processos empregados, vislumbramos que a fibra poderá ser comercializada em diferentes partes do mundo contribuindo para a diversificação da indústria plant-based mundial”, acrescenta.
Conferência
A Conferência reuniu mais de 1.600 pessoas, entre cientistas, empreendedores, investidores, formuladores de políticas e líderes corporativos de mais de 60 países. Foram tratados assuntos relacionados à eliminação dos obstáculos e obtenção de soluções para a disponibilização de proteínas alternativas, e outros ingredientes alimentares, para o sistema alimentar global.
“Particularmente, o evento foi muito interessante, pois tivemos acesso ao que está acontecendo de mais atual no mundo sobre as proteínas alternativas, incluindo os avanços na área de carne cultivada, fermentação de precisão, dentre outros, além da possibilidade de divulgação das nossas pesquisas”, diz Ana Paula.
Além disso, Caroline Mellinger cita “discussões sobre regulamentação de produtos plant-based; expectativa de que o Brasil ocupe um papel central no fornecimento tanto de matérias-primas, como de ingredientes e de produtos para este mercado; crescimento do mercado e unanimidade sobre Brasil, China e Índia ocuparem um espaço cada vez maior nele; oportunidades e novas tecnologias” como outros pontos abordados no evento.
Fonte: Embrapa