China planeja levantar US$ 850 bilhões em dívidas para estimular economia

China pretende emitir títulos do Tesouro para impulsionar crescimento econômico.
Por Redação

A China está se preparando para levantar mais de 6 trilhões de iuanes, o equivalente a US$ 850 bilhões, por meio de títulos especiais do Tesouro ao longo de três anos. O objetivo dessa iniciativa é estimular uma economia que enfrenta desafios, conforme relatado pela mídia local. No entanto, essa movimentação não conseguiu animar o mercado de ações do país, que permaneceu hesitante.

De acordo com informações do Caixin Global, que citou fontes próximas ao assunto, a decisão de aumentar significativamente a dívida foi anunciada pelo ministro das Finanças, Lan Foan, no último sábado (12). Apesar disso, a falta de detalhes sobre o volume e o cronograma das medidas fiscais deixou alguns investidores desapontados.

A expectativa em torno do pacote fiscal projetado tem gerado muita especulação nos mercados financeiros. A notícia sobre o estímulo levou as ações chinesas a atingirem o nível mais alto em dois anos neste mês, porém, a ausência de informações oficiais fez com que elas recuassem.

Desafios e expectativas

Os últimos dados econômicos, incluindo os números da balança comercial e os novos empréstimos de setembro, divulgados na segunda-feira (14), ficaram aquém das expectativas. Isso aumentou as preocupações de que a China possa não alcançar a meta de crescimento de cerca de 5% este ano e enfrente dificuldades para lidar com pressões deflacionárias.

Segundo uma pesquisa da Reuters divulgada nesta terça-feira (15), a expectativa é de que o crescimento econômico desacelere para 4,5% no terceiro trimestre, em comparação com 4,7% no segundo trimestre. No entanto, projeta-se uma recuperação posterior, com a economia atingindo 4,8% de crescimento no ano inteiro.

No final de setembro, o governo chinês lançou medidas de estímulo monetário e apoio ao setor imobiliário. Logo em seguida, durante uma reunião do Politburo, os principais líderes do Partido Comunista se comprometeram a fornecer os recursos necessários para impulsionar o crescimento do país.

Impacto e perspectivas futuras

Para Bruce Pang, economista-chefe da Jones Lang LaSalle para a China, a divulgação do montante de 6 trilhões de iuanes pode aumentar consideravelmente as chances de alcançar um crescimento de cerca de 5% nos anos de 2024 e 2025. Os fundos provenientes desses títulos também devem auxiliar os governos locais a lidar com suas dívidas não contabilizadas, conforme mencionado nas fontes consultadas.

Atualmente, o Fundo Monetário Internacional estima que a dívida do governo central da China corresponda a 24% da produção econômica do país. No entanto, considerando a dívida pública total, incluindo os governos locais, o valor atinge cerca de 16 trilhões de dólares, o que equivale a 116% do PIB.

Diante desse cenário, analistas como Xia Haojie, da Guosen Futures, alertam que o investimento permanecerá fraco se o governo central não elevar a alavancagem. Com os governos locais sobrecarregados por dívidas significativas e os balanços das empresas sendo impactados pela fragilidade econômica, a necessidade de estímulos se torna ainda mais evidente.

Fonte: Caixin Global

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