ONU condena ataques israelenses em Rafah
Agência da ONU para refugiados palestinos denunciou ataques israelenses em RafahA agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, afirmou em suas redes sociais que as informações vindas de Rafah, cidade ao sul da Faixa de Gaza, sobre novos ataques a famílias que buscam abrigo “são horríveis”.
A reação da agência foi publicada após relatos de um ataque militar israelense a um acampamento em Tal as-Sultan, no noroeste de Rafah, juntamente com outros abrigos ao norte em Jabalia, Nuseirat e Cidade de Gaza.
Responsabilização
Imagens não confirmadas divulgadas online mostraram abrigos totalmente queimados e corpos carbonizados no local do ataque. Segundo a Unrwa, há relatos de mortes em massa, incluindo crianças e mulheres entre os mortos. “Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso", adicionou a agência.
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, condenou os ataques aéreos, ressaltando a necessidade de uma investigação "completa e transparente".
Ele mencionou a alegação das Forças de Defesa de Israel de que haviam atingido uma instalação do Hamas e matado dois militantes seniores nos ataques. Wennesland acrescentou que estava "profundamente preocupado" com a morte de mulheres e crianças em uma área onde as pessoas haviam buscado abrigo.
Em comunicado, ele ainda destacou que todas as partes envolvidas no conflito devem se abster de ações que dificultam o fim da violência e comprometem ainda mais a situação já frágil no local e na região em geral.
Ele reiterou o apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, por um cessar-fogo imediato e pela libertação incondicional de todos os reféns. Wennesland acrescentou que as Nações Unidas continuam firmes em seu compromisso de apoiar todos os esforços destinados a acabar com os combates, reduzir as tensões e promover a paz.
Direitos Humanos
O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, expressou horror com a morte de civis em Gaza após ataques aéreos israelenses atingirem um campo para deslocados em Rafah, causando explosões e incêndios.
As forças israelenses afirmaram que o alvo eram oficiais do Hamas, reconhecendo danos a civis. Turk criticou os ataques em áreas densamente povoadas e pediu mudanças nas políticas.
Ele exortou Israel a cessar a ofensiva, conforme ordem da Corte Internacional de Justiça, e chamou por um cessar-fogo. Türk também condenou o lançamento de mísseis por grupos palestinos e pediu a liberação incondicional de todos os reféns.
Atrocidade monstruosa
Fazendo eco a esses comentários e à condenação internacional generalizada do ataque, o relator especial da ONU sobre o direito à moradia, Balakrishnan Rajagopal, pediu uma "ação global concertada" para interromper a guerra, dias depois que o tribunal superior da ONU pediu o fim da operação militar de Israel em Rafah, que está se expandindo.
Para ele, atacar mulheres e crianças em abrigos é “uma atrocidade monstruosa”, acrescentando que uma ação global conjunta é necessária para impedir as ações de Israel. Rajagopal é um especialista independente em direitos humanos que não é membro da equipe da ONU.
Ninguém está seguro
A Unrwa também expressou preocupação com a segurança dos colegas em Gaza com os quais o contato foi perdido após o ataque em Rafah. A agência informou que não possuem uma linha de comunicação estabelecida com nossos colegas no local.
Reforçando que não há local seguro na Faixa de Gaza, a Unrwa afirmou que não pode confirmar a localização dos funcionários, o que gera preocupação com o bem-estar da equipe e de todas as pessoas deslocadas que se abrigam nessa área.
Além da ameaça mortal de violência, os trabalhadores humanitários da ONU insistiram que a fome ainda é um perigo diário para a população de Gaza.
Atrasos na entrega de ajuda continuam
O alerta sobre o risco de fome ocorre em meio a uma interrupção quase total das entregas de comboios de ajuda desde que os militares israelenses tomaram a passagem de Rafah do Egito para Gaza no início deste mês, em resposta a um ataque na passagem de Kerem Shalom em 5 de maio, que resultou na morte de quatro soldados da Força de Defesa Israelense.
De acordo com o monitoramento da ONU, nenhum caminhão de ajuda chegou ao enclave desde o último domingo. O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários também confirmou sérios desafios para receber e entregar ajuda em Gaza, citando atrasos frequentes, verificações arbitrárias e restrições de acesso pelas autoridades israelenses.
Pressões das missões de socorro
Entre 1º e 23 de maio, 31 missões de ajuda humanitária tiveram o acesso negado e 40 foram impedidas, inclusive por "atrasos extensos, detenção de trabalhadores humanitários, disparos de advertência e forçamento do cancelamento de missões oficialmente aprovadas", segundo o Ocha.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, também alertou que a operação humanitária está “perto do colapso”, destacando a fala do chefe da ONU. Segundo o PMA, se os suprimentos alimentares e humanitários não começarem a entrar em Gaza em quantidades maciças, o desespero e a fome se espalharão”.
Em comunicado no domingo, o secretário-geral reiterou seu apelo por um cessar-fogo imediato e pela libertação imediata e incondicional de todos os reféns para acabar com o sofrimento dos civis.
Guterres acrescentou que ficou "consternado" com a falta de implementação das recentes ordens da Corte Internacional de Justiça em relação à situação em Gaza. “As decisões da Corte são obrigatórias", destacou.
por ONU news
Fonte: ONU News