Últimos oito anos podem ter sido os mais quentes já registrados, revela ONU

De acordo com a organização estado do clima é “uma crônica do caos”
Por Redação

Foto: Unsplash/Emerson Peters Guterres pede metas na COP27 para que se atinjam metas sobre alertas precoces nos próximos cinco anos
Guterres pede metas na COP27 para que se atinjam metas sobre alertas precoces nos próximos cinco anos

As Nações Unidas lançaram neste domingo 6, o Estado do Clima Global de 2022. O relatório provisório confirma o aumento ao dobro da taxa de subida do nível do mar desde 1993, atingido um novo recorde.

O levantamento apontando ainda o derretimento de geleiras sem precedentes nos Alpes europeus foi apresentado por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito.

Principais gases de efeito estufa

Com dados definitivos a ser divulgados em 2023, o estudo provisório descrevendo os detalhes da emergência climática foi compilado pela Organização Meteorológica Mundial, OMM. O propósito é aumentar a consciência dos  líderes mundiais sobre a dimensão da crise.

Na apresentação do documento, o diretor-geral da  OMM, Petter Taalas disse que quanto maior o aquecimento do planeta, piores os impactos.

O especialista chamou a atenção global para os “níveis tão altos de dióxido de carbono na atmosfera registrado atualmente, quando a meta de 1,5º bem abaixo definida no Acordo de Paris está longe do alcance. Para Taalas “já é tarde demais para muitas geleiras e o derretimento continuará por centenas, senão milhares de anos, com grandes implicações para a segurança da água”.

O dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, os três principais gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global, estão em níveis históricos. A temperatura  global está 1,15º C  acima dos níveis pré-industriais.

Aquecimento excepcionalmente alto dos oceanos

Nos montes Alpes foi observada uma perda média de espessura entre três e mais de quatro metros. Na Suíça, toda a neve derreteu durante a temporada de verão pela primeira vez na história. Desde o início do século, o volume de gelo dos blocos do país caiu mais de um terço.

O crescente derretimento de glaciares em todo o mundo levou ao aumento do nível do mar nos últimos 30 anos e a tendência evolui. A taxa de aquecimento dos oceanos tem sido excepcionalmente alta nas últimas duas décadas e as  ondas de calor marinhas se tornam mais frequentes fazendo prever um contínuo.

Países como Quênia, Somália e Etiópia vivem uma crise de safras e insegurança alimentar depois de uma temporada de chuvas abaixo da média. Mais de um terço do Paquistão foi inundado em julho e agosto, como resultado de chuvas recordes que levaram ao deslocamento de 8 milhões de pessoas.

A África Austral viveu por uma série de ciclones ao longo de dois meses no início do ano. Os desastres atingiram  Madagáscar com chuvas torrenciais e inundações assasadoras. Em setembro, o furacão Ian causou grandes danos e perda de vidas em Cuba e no sudoeste da Flórida.

Velocidade catastrófica das mudanças climáticas

Grande parte da Europa registrou episódios de calor extremo. O Reino Unido atingiu a marca inédita de 40°C em 19 de julho. A situação foi acompanhada por  uma seca e incêndios florestais persistentes e danosos.

Reagindo ao relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu os dados como uma “crônica do caos climático”. Para o líder das Nações Unidas, os detalhes ilustram a  velocidade catastrófica das mudanças climáticas ao arrasarem vidas e meios de subsistência em todos os continentes.

Guterres destaca que contínuos choques climáticos e condições climáticas extremas não se podem evitar, mas desafiou a COP27 a lançar um plano de ação para alcançar alertas precoces nos próximos cinco anos.

Para o chefe da ONU, pessoas e comunidades carecem de sistemas de aviso antecipado para que sejam protegidas  em todos os lugares. Guterres disse ainda que o mundo deve responder ao sinal de socorro do planeta com ação, ação climática ambiciosa e credível de forma imediata na COP27.

Alta em custos diretos para a saúde

Ainda neste domingo, a Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou que a  crise climática continua deixando pessoas doentes.

A agência pede que a saúde esteja no centro das negociações em eventos de alto nível. Temas como perigos da crise e potenciais ganhos de uma ação climática mais forte no setor serão abordadas em Sharm el-Sheikh.

A OMS alerta que as mudanças climáticas devem causar mais aproximadamente 250 mil mortes por ano no período entre 2030 e 2050. As doenças responsáveis são desnutrição, malária, diarreia e estresse por calor.  A alta em custos diretos para a saúde chegará a US$ 4 bilhões por ano até o final desta década.

A agência ressalta que o investimento em energia limpa trará ganhos de saúde que satisfazem esses investimentos em dobro aplicando padrões mais altos para emissão de veículos.

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