Últimos oito anos podem ter sido os mais quentes já registrados, revela ONU
De acordo com a organização estado do clima é “uma crônica do caos”As Nações Unidas lançaram neste domingo 6, o Estado do Clima Global de 2022. O relatório provisório confirma o aumento ao dobro da taxa de subida do nível do mar desde 1993, atingido um novo recorde.
O levantamento apontando ainda o derretimento de geleiras sem precedentes nos Alpes europeus foi apresentado por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Confira tabela e classificação dos campeonatos de futebol.
Principais gases de efeito estufa
Com dados definitivos a ser divulgados em 2023, o estudo provisório descrevendo os detalhes da emergência climática foi compilado pela Organização Meteorológica Mundial, OMM. O propósito é aumentar a consciência dos líderes mundiais sobre a dimensão da crise.
Na apresentação do documento, o diretor-geral da OMM, Petter Taalas disse que quanto maior o aquecimento do planeta, piores os impactos.
O especialista chamou a atenção global para os “níveis tão altos de dióxido de carbono na atmosfera registrado atualmente, quando a meta de 1,5º bem abaixo definida no Acordo de Paris está longe do alcance. Para Taalas “já é tarde demais para muitas geleiras e o derretimento continuará por centenas, senão milhares de anos, com grandes implicações para a segurança da água”.
O dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, os três principais gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global, estão em níveis históricos. A temperatura global está 1,15º C acima dos níveis pré-industriais.
Aquecimento excepcionalmente alto dos oceanos
Nos montes Alpes foi observada uma perda média de espessura entre três e mais de quatro metros. Na Suíça, toda a neve derreteu durante a temporada de verão pela primeira vez na história. Desde o início do século, o volume de gelo dos blocos do país caiu mais de um terço.
O crescente derretimento de glaciares em todo o mundo levou ao aumento do nível do mar nos últimos 30 anos e a tendência evolui. A taxa de aquecimento dos oceanos tem sido excepcionalmente alta nas últimas duas décadas e as ondas de calor marinhas se tornam mais frequentes fazendo prever um contínuo.
Países como Quênia, Somália e Etiópia vivem uma crise de safras e insegurança alimentar depois de uma temporada de chuvas abaixo da média. Mais de um terço do Paquistão foi inundado em julho e agosto, como resultado de chuvas recordes que levaram ao deslocamento de 8 milhões de pessoas.
A África Austral viveu por uma série de ciclones ao longo de dois meses no início do ano. Os desastres atingiram Madagáscar com chuvas torrenciais e inundações assasadoras. Em setembro, o furacão Ian causou grandes danos e perda de vidas em Cuba e no sudoeste da Flórida.
Velocidade catastrófica das mudanças climáticas
Grande parte da Europa registrou episódios de calor extremo. O Reino Unido atingiu a marca inédita de 40°C em 19 de julho. A situação foi acompanhada por uma seca e incêndios florestais persistentes e danosos.
Reagindo ao relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu os dados como uma “crônica do caos climático”. Para o líder das Nações Unidas, os detalhes ilustram a velocidade catastrófica das mudanças climáticas ao arrasarem vidas e meios de subsistência em todos os continentes.
Guterres destaca que contínuos choques climáticos e condições climáticas extremas não se podem evitar, mas desafiou a COP27 a lançar um plano de ação para alcançar alertas precoces nos próximos cinco anos.
Para o chefe da ONU, pessoas e comunidades carecem de sistemas de aviso antecipado para que sejam protegidas em todos os lugares. Guterres disse ainda que o mundo deve responder ao sinal de socorro do planeta com ação, ação climática ambiciosa e credível de forma imediata na COP27.
Alta em custos diretos para a saúde
Ainda neste domingo, a Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou que a crise climática continua deixando pessoas doentes.
A agência pede que a saúde esteja no centro das negociações em eventos de alto nível. Temas como perigos da crise e potenciais ganhos de uma ação climática mais forte no setor serão abordadas em Sharm el-Sheikh.
A OMS alerta que as mudanças climáticas devem causar mais aproximadamente 250 mil mortes por ano no período entre 2030 e 2050. As doenças responsáveis são desnutrição, malária, diarreia e estresse por calor. A alta em custos diretos para a saúde chegará a US$ 4 bilhões por ano até o final desta década.
A agência ressalta que o investimento em energia limpa trará ganhos de saúde que satisfazem esses investimentos em dobro aplicando padrões mais altos para emissão de veículos.