Ucrânia sofre impactos na agricultura familiar, que garante 41% da produção

Segundo FAO, milhões de famílias no país têm plantações, representando 38% das terras agrícolas
Por Redação

Foto: Grande Piauí Produção de milho se concentra na região sul do Brasil
Produção de milho se concentra na região sul do Brasil

Quase um terço da população da Ucrânia, ou 4,6 milhões de famílias, vive em zonas rurais. A agricultura familiar representa 90% das unidades agrícolas do país, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.  

A agência da ONU adverte que o conflito terá um grande impacto para essas famílias, que contribuem com 41% da produção agrícola na Ucrânia. O total representa 38% de todas as terras agrícolas.  

A FAO destaca que a agricultura familiar tem papel central para a segurança alimentar, tanto nas zonas rurais quanto urbanas. 

A atividade domina vários subsetores: 85% da produção de vegetais, 83% da produção de frutas e frutos vermelhos, 99% da produção de mel e 70% da produção de leite. 

O setor familiar responde ainda  por quase um terço de toda a produção nacional de carne.  

A preocupação imediata da agência da ONU é garantir que as famílias rurais consigam plantar sementes de batatas e vegetais desde já e até meados de maio, para que seja possível fazer as colheitas entre julho e setembro. 

Impacto já é sentindo na África  

A FAO destaca, no entanto, que existe “potencial para que a guerra tenha um impacto na plantação e nas colheitas, especialmente se os agricultores não tiverem acesso a insumos agrícolas nem conseguirem alimentar seus animais.  

A agência explica que garantir um nível local de produção será crucial para evitar uma crise alimentar.  

Além disso, a Ucrânia é um dos maiores fornecedores mundiais de cereais, de óleo de girassol e de outras commodities. Por isso, a dimensão do problema afetará a disponibilidade de comida para outros países. 

No início deste mês, a FAO criou um plano de resposta, buscando US$ 50 milhões para ajudar 240 mil pessoas em áreas rurais, mas até agora, recebeu quase 11% do montante.  

Insegurança  

O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Fida, afirma que os impactos já estão sendo sentidos em países africanos.  

Na Somália, os custos de eletricidade e de transportes tiveram enorme alta devido ao aumento nos combustíveis, prejudicando pequenos produtores que utilizam equipamentos a diesel para irrigar as produções. 

No Egito, os preços do trigo e do óleo de girassol também subiram, uma vez que o país importa 85% do trigo e 73% do óleo da Rússia e da Ucrânia.  

No Líbano, o Fida teme que a alta nos preços piore ainda mais uma situação já considerada “desesperadora”, pois 22% das famílias enfrentam insegurança alimentar e o país importa 80% do trigo das duas partes em conflito.  

Saiba mais sobre: