Swot permitirá ao Brasil ter mais informações hidrológicas da bacia Amazônica

Novo satélite da NASA teve lançamento na última quinta-feira 15
Por Redação

Foto: Nasa A missão SWOT medirá a altura dos oceanos, rios e lagos do mundo, ajudando os cientistas a medir como os corpos de água doce e salgada mudam com o tempo.
A missão SWOT medirá a altura dos oceanos, rios e lagos do mundo, ajudando os cientistas a medir como os corpos de água doce e salgada mudam com o tempo.
Foto: NasaA missão SWOT medirá a altura dos oceanos, rios e lagos do mundo, ajudando os cientistas a medir como os corpos de água doce e salgada mudam com o tempo.
A missão SWOT medirá a altura dos oceanos, rios e lagos do mundo, ajudando os cientistas a medir como os corpos de água doce e salgada mudam com o tempo.

O lançamento do satélite SWOT (Surface Water Ocean Topography), ocorrido na última quinta-feira (15/12) a partir da base de Vandenberg, na Califórnia, permitirá ao Brasil ter informações hidrológicas de grande parte dos rios menores da bacia Amazônica até o final de 2024.

O monitoramento atual contempla apenas os principais rios e afluentes. Com o novo satélite, que conta com participação do Serviço Geológico do Brasil (SGB), será possível monitorar a superfície de água de toda a bacia Amazônica, incluindo grande parte dos rios menores e de difícil acesso, sobre os quais não há dados, bem como lagos e planícies de inundação que em geral não são foco de redes de monitoramento. O SGB é uma empresa pública ligada ao Ministério das Minas e Energia, que tem como missão gerar e disseminar conhecimento geocientífico no Brasil, atuando em diversas áreas, entre as quais, geologia, hidrologia, pesquisas sobre recursos minerais e gestão territorial.

“O SWOT como uma ferramenta de sensoriamento remoto é capaz de obter informação hidrológica em regiões de difícil acesso e restritas”, explica o engenheiro do Departamento de Hidrologia e da Divisão de Hidrologia Aplicada do SGB, Daniel Moreira. Segundo ele, o novo satélite vai aumentar o volume de informações hidrológicas no território brasileiro, principalmente em bacias transfronteiriças, como da Amazônia, nas quais rios de outros países que drenam água para o território brasileiro poderão ser monitorados. “Essa informação adicional aumenta a qualidade de previsões de eventos extremos, mas também representa um salto na tecnologia de monitoramento hidrológico”.

Segundo ele, o novo satélite irá produzir imagens de elevação de superfície de água, “podendo se obter a declividade de rios com uma resolução sem precedentes, além de monitorar diversas áreas que nunca foram monitoradas, tudo isso irá proporcionar informação inédita para vários estudos serem realizados”. O SWOT, que estará a 890 km de altitude na órbita da Terra, é a primeira missão de hidrologia espacial que estudará quase toda a água doce na superfície da Terra. O satélite, que pesa 2.000 kg e tem 16 metros e envergadura, permitirá medir o nível de água de lagos, rios, reservatórios e suas variações ao longo do tempo.

A missão do satélite SWOT, que conta com a parceria do Serviço Geológico do Brasil desde 2015, permitirá que oceanógrafos de todo o mundo observem a dinâmica oceânica em uma escala de algumas dezenas de quilômetros, caracterizando com precisão as circulações de mesoescala e submesoescala, que desempenham um papel importante no transporte de energia nos oceanos. O SWOT fornecerá informações sobre a circulação costeira e seus efeitos na vida marinha, nos ecossistemas e na qualidade da água em um nível de detalhamento sem precedentes que nos ensinará muito sobre as mudanças climáticas em curso.

Além disso, o SWOT, segundo Daniel, vai obter dados de países vizinhos ao Brasil que não têm redes de monitoramento. “Essa informação hidrológica oriunda do SWOT nesses países também vai ajudar a prever cheias/secas na bacia Amazônica, pois geralmente essas cheias começam a dar os sinais nas cabeceiras dos grandes rios Amazônicos que nascem, por exemplo, na Bolívia ou na Colômbia. Assim o SWOT, sendo capaz de obter uma informação de início de cheia num desses rios fora do território brasileiro, proporcionará com essa informação um melhor controle e planejamento para chegada da cheia/seca no território brasileiro”, explica ele.

A participação do SGB começou por meio de parceira com o CNES (Agência Espacial Francesa), IRD (Instituto Nacional da França para Pesquisa e Desenvolvimento) e NASA para troca de conhecimentos. Nesse ano, destaca-se o primeiro encontro na América do Sul para divulgação e pesquisa sobre a missão SWOT, realizado no escritório do Rio de Janeiro do SGB. Esse encontro científico fomentou o surgimento de conferências na temática de Hidrologia Espacial, denominados de South America Water From Space, propondo-se assim a primeira edição do evento em 2018 em Santiago no Chile que em seguida teve seus atributos solidificados na 2° conferência em Manaus – AM, em 2019.

Na sua terceira edição, realizada em Foz de Iguaçu - PR, no último mês de novembro, os especialistas compartilharam suas pesquisas pertinentes às aplicações de dados hidrológicos de satélite, os resultados dos trabalhos de campo alinhados com o processo de validação e suas expectativas com o lançamento do SWOT. Em 2016, o SGB se juntou ao time científico de definição da missão SWOT com o projeto “Validação de Satélites Altimétricos no Brasil” e posteriormente em 2020 em nova iniciativa do time científico, denominada “SWOT for South America”, que visa explorar as diversas potencialidades de uso da missão SWOT em hidrologia para todo o continente Sul-Americano.

Coube ao SGB fazer o levantamento de informações de campo para subsidiar a validação e a calibração dos dados do novo satélite de observação terrestre. Para isso, o SGB mantém ao longo do território nacional sítios estratégicos que serão utilizados pela comunidade internacional para validar e calibrar as informações do SWOT, com destaque a trabalhos de campo realizados em Santarém, Alto rio Negro, São Francisco entre outros. A terceira contribuição está associada à capacitação dos seus pesquisadores, ao prepará-los para absorver e disseminar esse novo conhecimento, e ao estimulo de projetos de pesquisa nessa área, como Hidrologia de Satélite – Dinâmica Fluvial, com atuação em diversas partes do Brasil.


* Com informações do Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil - CPRM